NAPEEC: A emigração dos jovens portugueses: causas e desafios

A emigração dos jovens portugueses tornou-se um fenômeno notável nos últimos anos, moldando a demografia do país. Este artigo explora os fatores impulsionadores dessa tendência, os desafios enfrentados pelos jovens emigrantes.

       Portugal apresenta uma das maiores taxas de envelhecimento do mundo e apresenta ainda, uma das maiores taxas de emigração jovem na Europa. A emigração exacerbou os desafios demográficos em Portugal, contribuindo para o envelhecimento da população. A falta de jovens ativos economicamente, cria pressões adicionais sobre o sistema da segurança social e serviços de saúde, desafiando a sustentabilidade desses setores. 

         A partir dos dados apresentados na Pordata, podemos verificar que embora houvesse uma diminuição da emigração, do ano de 2014 para 2015, não se verificou posteriormente, um decréscimo do número, mas sim um aumento constante até ao ano de 2022. Não se conseguiu, portanto, continuar a manter um ritmo decrescente quanto à emigração dos jovens portugueses.

O desemprego persistente em Portugal, tem sido um fator significativo na decisão dos jovens de buscar oportunidades noutros países. A busca por mercados de trabalho mais dinâmicos e a perspetiva de ascensão profissional, continuam a motivar muitos a optar pela emigração. Segundo os dados apresentados no Relatório da Emigração (2021), os principais destinos da procura de melhores condições de vida foram o Reino Unido, Espanha, Suíça, França e Alemanha.

A adaptação a novas culturas e a integração social em ambientes estrangeiros são desafios significativos para os jovens emigrantes. As diferenças linguísticas, as normas sociais e os sistemas educacionais exigem flexibilidade e resiliência. Contudo, um dos desafios mais complicados de gerir é a distância física da família, que se torna uma realidade difícil por nos distanciarmos de quem mais amamos dado que não conseguimos ter uma qualidade de vida boa no nosso país. A gestão eficaz desse desafio envolve a busca por equilíbrio entre a procura de oportunidades e o desejo de manter laços familiares.

De acordo com um estudo feito pela Business Roundtable Portugal (2023) , cerca de 48% dos jovens (menos de 25 anos), pensa seriamente em emigrar e apontam como fatores “o salário e o poder de compra como fatores prioritários, seguidos pelas oportunidades e perspetivas de evolução de carreira e pelos regimes fiscais.”. O salário passa a ser extraordinariamente mais alto noutros países, a estabilidade profissional permite ainda, ter condições financeiras e profissionais de forma a conseguirem sustentar-se. Embora as questões ligadas às saudades dos familiares sejam fortes, os motivos para continuarem emigrados são maiores e não pensam em voltar a Portugal, pois sabem que dificilmente terão as mesmas condições de que usufruem no estrangeiro, ao contrário do que se fazia no passado em que migravam de forma a economizar dinheiro para regressar.

Há diversos estudos onde podemos constatar que esta geração é a mais qualificada e, no entanto, é muito menosprezada. Os jovens investem nos estudos e acabam por não ter nenhum retorno que contribua para uma qualidade de vida minimamente razoável. 

Além dos fatores já mencionados, como a falta de emprego e as oportunidades de crescimento profissional, o custo de vida elevado e a escassez de habitação acessível, desempenham papéis cruciais na tomada de decisão dos jovens. Para reverter este quadro, é essencial implementar políticas que promovam o desenvolvimento econômico sustentável, que incentivem a criação de empregos qualificados e abordem as disparidades no mercado imobiliário. Investir ainda, na valorização e no reconhecimento dos jovens qualificados no seu próprio país é crucial, a fim de reter talentos e construir um futuro promissor. A colaboração entre o setor público e privado, juntamente com medidas inovadoras, é vital para criar um ambiente propício ao desenvolvimento profissional dos jovens em Portugal.

A emigração persistente dos jovens portugueses é um fenômeno complexo e multifacetado, impulsionado por desafios económicos e sociais significativos. A busca por oportunidades de emprego e crescimento profissional, aliada a fatores como o custo de vida elevado e a falta de habitação acessível, tem levado muitos jovens a optar pela emigração como uma solução para alcançar uma qualidade de vida melhor. A distância física da família e a necessidade de adaptação a novas culturas são desafios adicionais enfrentados pelos emigrantes. Para reverter essa tendência, é imperativo que Portugal implemente estratégias abrangentes que visem não apenas a criação de empregos e o crescimento económico, mas também a valorização e a retenção de talentos locais. O investimento em setores-chave, a promoção de um ambiente de trabalho estimulante e a melhoria das condições de vida são passos essenciais para assegurar que os jovens encontrem motivos sólidos para permanecer em Portugal, contribuindo assim para um futuro mais próspero e sustentável para o país.

 Daniela Nogueira, Membro NAPEEC

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