NAPEEC: Uma estratégia (des) encorajadora para um futuro risonho na União Europeia?

A Europa não atravessa, de todo, o seu momento mais brilhante. A operação militar a decorrer na Ucrânia, o problema da inflação em grande parte dos Estados-Membros da União Europeia, o crescimento da instabilidade política em determinados países e a crise social crónica nos principais países europeus revestem a organização de um desafio gigante à sua frente. Ainda aliado a esta conjuntura surgem as eleições europeias de 2024, que se irão preconizar num cenário geopolítico bastante distinto das eleições realizadas no ano de 2019. Tendo em conta o referido, e mais do que nunca, a liderança europeia deve-se superar, e fazer-se sentir, perante o aumento da incerteza dos cidadãos europeus no que concerne ao seu próprio futuro. 

A estratégia global utilizada ao longo dos últimos anos foi marcada por altos e baixos. É, no entanto, bastante mais difícil de esquecer ao cidadão comum as decisões mal tomadas e os erros que foram do conhecimento geral, prejudicando e danificando ainda mais a perceção pública da população relativamente à instituição. O balanço positivo, até ao momento, do mandato da atual presidente da Comissão Europeia Ursula von der Leyen, no qual enfrentou múltiplos desafios e exigências nunca percecionadas e previstas durante o exercer do seu cargo, tornam a sua responsabilidade ainda maior para responder às dúvidas legítimas que vão pairando nos cidadãos dos Estados-Membros. 

De que forma é que as unidades europeias e transatlânticas vão impedir a escalada do conflito entre a Ucrânia e a Rússia? A crise de refugiados que tem assolado a Europa tem tido uma intervenção capaz e à altura? A proteção dos direitos humanos nas mais variadas situações tem sido cumprida com rigor? A resposta ao problema da inflação que tem afetado as economias dos Estados-Membros tem sido eficiente e eficaz? As estratégias europeias relativamente ao ambiente serão as mais adequadas para combater os desafios mais prementes? E por último, a liderança europeia conseguirá formar um conjunto de países unidos e concertados em prol dos mesmos objetivos tendo em conta o que estará em jogo nos próximos anos? Estas são questões relevantes que merecem ser alvo de reflexão para a identificação das falhas ocorridas, e para a criação de uma estratégia pragmática e mais ajustada à complexidade dos desafios atuais. 

É, por isso, num quadro de eleições para o Parlamento Europeu e de nomeação do ou da Presidente da Comissão Europeia em um futuro próximo, que se torna ainda mais impreterível, a redefinição de prioridades e uma resposta mais firme aos problemas do quotidiano dos cidadãos europeus. Um dos grandes exemplos de uma temática que, mesmo pertencendo as grandes competências aos Estados, deverá ser equacionada como uma das grandes prioridades na estratégia europeia é a habitação. A questão referenciada afeta uma quantidade bastante considerável de jovens como de famílias europeias, e, deste modo, a atenção a nível comunitário pode e deve ser redobrada. 

Ora, uma estratégia que tenha as suas prioridades centralizadas nas necessidades dos cidadãos, demonstre verdadeiramente que a resolução dos principais obstáculos da população é o seu principal objetivo, e que tenha uma implementação efetiva, é uma estratégia vencedora. Assim, a reabilitação da confiança nas instituições europeias é vital, e só é alcançável com pessoas capazes de formar uma abordagem ao nível dos desígnios europeus. O futuro que rodeia a União Europeia é incerto, mas uma estratégia europeia que seja encorajadora aos olhos dos cidadãos facilita, e muito, o caminho para um futuro próspero na Europa. 

José Melrinho, membro do NAPEEC

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