Neste programa de formação em arte contemporânea, combinamos conteúdos teóricos com experiências de criação. Propõem-se temas transversais que dizem respeito a artistas contemporâneos que trabalham com comunidades e públicos de forma multidisciplinar. A inscrição prévia é obrigatória, com um custo de 5 euros e limitada a 20 pessoas (disponível aqui: https://forms.gle/kbTZXT6b93fujACi8).
Sobre a sessão:
Vivemos num emaranhado de colapsos entrelaçados. As reverberações destas crises atravessam os nossos corpos, afetos e orientações, muitas vezes lançando-nos num estado de desalento solitário. Torna-se urgente criar zonas de encontro onde possamos enfrentar estas camadas de complexidade, reconhecendo a nossa inserção nos tecidos que sustentam as violências, mas que também apontam para lá delas. A partir de cartografias desenvolvidas pelo coletivo Gestos Rumo a Futuros Decoloniais, neste encontro analisaremos modos de operação da modernidade colonial, atravessando escalas estruturais e íntimas. Combinaremos esta investigação com aproximações oriundas do campo das Ecologias Queer e da Arte da Performance, explorando caminhos para desativar o excecionalismo humano e aguçar os nossos sentidos para formas expandidas de cuidado, parentesco e respons(h)abilidade visceral.
Sobre Dani d’Emilia:
Dani d’Emilia é artista, trabalhando também na área da educação, da curadoria e da investigação das interseções entre artes do corpo, pedagogias radicais e justiça social e ecológica. O seu trabalho, fundamentado em senti-pensares transfeministas e decoloniais, é guiado pela força da Ternura Radical e pela linguagem da performance. Dedica-se a investigar como práticas artísticas podem fomentar resiliência cognitiva, afetiva e relacional diante de colapsos sociais e ecológicos. Integra o coletivo Gestos Rumo a Futuros Decoloniais (CA/BR) desde 2017 e cofundou a companhia de teatro imersivo Living Structures (UK) e o espaço artístico Roundabout.lx (PT). Foi parte do coletivo La Pocha Nostra (US/MX) e colaborou com AND Lab (PT/BR). Facilita o curso Facing Human Wrongs, vinculado à University of Victoria (CA), e colabora na edição da plataforma Arts Everywhere (CA). Atualmente, desenvolve o projeto Abscission, uma pesquisa de arte-vida sobre processos de soltura, luto e transformação em transições de diferentes ordens. Desviando-se da lógica binária — seja no género, seja nos paradigmas moderno-coloniais —, essa investigação busca desativar o excecionalismo humano e convidar a uma relação mais íntima com o mundo mais-do-que-humano. O seu trabalho circula há mais de duas décadas por espaços institucionais e autónomos na Europa e nas Américas.